TEMA - IV
-- // --
Revisão da Literatura
Revisão da Literatura
Apresentação do problema/objeto de investigação – Ao longo de vários anos de lecionação da
disciplina de Introdução às Tecnologias da Informação e Comunicação - ITIC
(desde 2003), tem-se verificado que os alunos do 9º ano de escolaridade
apresentam muitas dificuldades no conteúdo, Introdução à estrutura e funcionamento
de um sistema informático, da unidade 1 – Tecnologias da Informação e
Comunicação.
Fundamentação da escolha - Durante as aulas e provas de avaliação realizadas
após a lecionação da referida unidade, verifica-se que os alunos têm
dificuldade em adquirir/compreender e mobilizar conceitos teóricos básicos
sobre os princípios de funcionamento de um computador. Isto deve-se ao facto
deste conteúdo programático ser predominantemente teórico, e os alunos mostram
alguma resistência, porque não gostam de aulas expositivas e consequentemente, não
conseguem obter bons resultados, apesar do esforço realizado pelos docentes na
simplificação da apresentação deste conteúdo. Inclusivamente, são apresentados os
diferentes componentes físicos de um computador (hardware), identificando-os e expondo as suas funções, sendo esta a
única parte “prática” que podemos proporcionar, e mesmo assim a motivação e os
resultados continuam a ser pouco satisfatórios. Na perspetiva da maioria dos
alunos, parece não ser muito importante perceber/compreender os conceitos
básicos associados ao funcionamento do computador, quando nele reside a base de
trabalho dos conteúdos programáticos seguintes. Como podemos perceber algumas
respostas/reações de um computador, se não soubermos como ele funciona/“pensa”?
Demonstração teórica da sua pertinência - Os professores debatem-se contra o insucesso
escolar, atribuído à falta de atenção/concentração nas aulas; de estudo em casa
(essencial para a apreensão e consolidação dos conhecimentos); de interesse
pelas atividades realizadas em sala de aula; de memorização de conceitos; desmotivação
generalizada para o estudo e uma certa “repulsa” por tudo o que seja teoria
(não é minimamente atrativa para eles). No que diz respeito à falta de
atenção/concentração, é muito importante não esquecer que o tempo que uma
pessoa consegue estar concentrada é limitado (Boruchovitch, 1999, p.5), o que
depende das expetativas pessoais. Muitos alunos estudam no dia anterior para as
provas de avaliação, o que não é suficiente para a obtenção de uma
classificação positiva, que garanta a conclusão da disciplina no final do ano
letivo (Souza
e Kruger, 2010, p.2), estando na falta
de obtenção de classificações positivas a causa da desmotivação (Cavenaghi
e Bzuneck, 2009, p.1478-1480).
Infelizmente, o que os alunos ainda não conseguiram perceber é que o problema
reside primeiramente na falta de concentração nas aulas, o que condiciona a
posterior aplicação dos conhecimentos em exercícios realizados nas aulas e em
casa (Santos e Molon, 2009, p.166).
No que diz respeito à
unidade 1 da disciplina de ITIC, para além das razões acima referidas, as
dificuldades dos alunos devem-se também ao facto de não terem possibilidade de
testar a teoria, de experimentar, praticar, executar a tarefa (teoria/prática –
saber/saber fazer), o que é mais interessante, ou seja, de não ter aulas
práticas sobre o assunto em estudo. É, sem dúvida, mais fácil aprender através
da experimentação, pois o aluno vê o resultado obtido de imediato, tendo a
possibilidade de o alterar, caso não seja o esperado. É também importante
salientar que os alunos não manifestam predisposição para apreender conceitos
teóricos (preferem utilizar o computador, ao invés de saber como é constituído
e como funciona). Os alunos não gostam de aulas meramente expositivas, em que o
professor, como fonte de saber, “debita” matéria que depois, não podendo ser
testada, tem de ser memorizada, em fase prévia às provas de avaliação
(Anastasiou, 1998, p.1). E não aprovam as aulas teóricas por serem cansativas e
monótonas, distraindo-se e deixando de ouvir o professor. A propósito da
memorização, algo que os alunos menos gostam de fazer, refere Pedro Sales Luís
Rosário (2001, p.89), que “as estratégias de auto-regulação da aprendizagem (…)
incluem métodos tais como a organização e transformação do material a ser
apreendido, a procura de informação, a repetição e a utilização da memória
(Zimmerman e Martinez-Pons, 1986, 1992)”. Acerca deste assunto, refere Paulo
Santos (2011, p.6) que “a repetição do estudo é um importante contributo para
conseguir fixar a informação apreendida.”
É necessário perspetivar a
adoção de estratégias alternativas de aprendizagem, de forma a colmatar as dificuldades
apresentadas pelos alunos já acima mencionadas. Segundo Pedro Sales Luís
Rosário, “A tarefa fundamental dos professores é conseguir que os alunos se envolvam
nas atividades de aprendizagem, alcançando os resultados pretendidos…Convém recordar
que o que os alunos realizam é mais importante para a determinação daquilo que é
aprendido do que o que o professor faz” (Shuell, 1986, p.429). Para que os “alunos
se envolvam nas atividades de aprendizagem, alcançando os resultados pretendidos”,
parece ser necessário haver mudança de estratégias para motivar os alunos, obter
sucesso escolar, melhorar a aprendizagem e “promovendo que os alunos aprendam
efectivamente a aprender”.
Tipo/modalidade
de investigação:
A metodologia de investigação a utilizar é a Development Research. Esta metodologia é similar à
Investigação-Ação, no entanto a escolha recai sobre a Development Research, pois é a metodologia adequada para a
investigação das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) na educação
(COUTINHO & CHAVES, 2000). Segundo Lencastre (2012: 52), “A Development Research é frutuosa em
situações complexas em que apenas os objetivos estão fixados e as necessidades
são de diversa ordem (situações em sala de aula, por exemplo) e os resultados
esperados (das intervenções e das aprendizagens), ainda que desejavelmente
previsíveis, são ainda desconhecidos”. Esta metodologia tem como objetivo
resolver uma necessidade, tem em vista uma mudança, prevê a avaliação, a
resolução de um problema e a produção de “documentação e reflexão que possam
conduzir investigações futuras” (LENCASTRE, 2012). Partindo da recolha e
análise dos dados do problema, estes são analisados e testados e podem ser
reformulados/adaptados no sentido de melhorar o protótipo (processo recursivo),
até se atingir o objetivo final. O esquema apresentado por Van Den Akker (1999:
8-9)[1], é
esclarecedor e determinante para a escolha da metodologia a adotar.
Bibliografia
ANASTASIOU, L.G.C., Metodologia do Ensino Superior: da prática docente a uma possível
teoria pedagógica, IBPEX, Curitiba, 1998.
JOÃO, S. M., Programa
de Tecnologias da Informação e Comunicação 9º e 10ºanos, Ministério da
Educação Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular, 2003.
VAZ
FREIXO, M.J., Metodologia Científica Fundamentos Métodos e Técnicas, Lisboa,
Instituto Piaget, 2011
MONTEIRO,
Angélica; MOREIRA, J. António; ALMEIDA, Ana Cristina (Orgs.). EDUCAÇÃO ONLINE: Pedagogias e aprendizagens
em plataformas digitais. 1ª edição, Santo Tirso: De Facto Editores, 2012.
Sitografia
AKKER, Jan Van Den. Principles and Methods of Development Research. Disponível em http://projects.edte.utwente.nl/smarternet/version2/cabinet/ico_design_principles.pdf, consultado em 22/05/2012.
BORUCHOVITCH,
E., Estratégias de Aprendizagem e
Desempenho Escolar: Considerações para a Prática Educacional. Disponível em
http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/188/18812208.pdf,
consultado em 12/05/2012.
CAVENAGHI,
A.R.A. Luc at al, A
motivação de alunos adolescentes enquanto desafio na formação do professor. Disponível em http://www.pucpr.br/eventos/educere/
educere2009/anais/pdf/1968_1189.pdf, consultado em 12/05/2012.
COUTINHO, Clara e CHAVES, José. “DESAFIOS À INVESTIGAÇÃO EM TIC NA EDUCAÇÃO: AS METODOLOGIAS DE DESENVOLVIMENTO”.Disponível em http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/4277/3/Clara%2520Coutinho.pdf, consultado em 22/05/2012.
LENCASTRE, José (2012). “EDUCAÇÃO ONLINE”. In MONTEIRO, Angélica; MOREIRA, J. António; ALMEIDA, Ana Cristina (Orgs.). EDUCAÇÃO ONLINE: Pedagogias e aprendizagens em plataformas digitais. 1ª edição, Santo Tirso: De Facto Editores, pp. 45- 54.
COUTINHO, Clara e CHAVES, José. “DESAFIOS À INVESTIGAÇÃO EM TIC NA EDUCAÇÃO: AS METODOLOGIAS DE DESENVOLVIMENTO”.Disponível em http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/4277/3/Clara%2520Coutinho.pdf, consultado em 22/05/2012.
LENCASTRE, José (2012). “EDUCAÇÃO ONLINE”. In MONTEIRO, Angélica; MOREIRA, J. António; ALMEIDA, Ana Cristina (Orgs.). EDUCAÇÃO ONLINE: Pedagogias e aprendizagens em plataformas digitais. 1ª edição, Santo Tirso: De Facto Editores, pp. 45- 54.
LOPES,
V.A.G., (In)Sucesso Escolar – Quais os
anos de escolaridade mais problemáticos?. Disponível em http://repositorio.utad.pt/bitstream/10348 /1404/1/
msc_vaglopes.pdf, consultado em
12/05/2012.
ROSÁRIO,
P.S.L., Diferenças processuais na
Aprendizagem: avaliação Alternativa das Estratégias de Auto-Regulação da
Aprendizagem. Disponível em http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/11896/1/2001_diferencas_processuais_aprendizagem.pdf, consultado em 12/05/2012.
SANTOS,
Bettina Luc at al, Reflexões
sobre a desmotivação dos estudantes em aprender e as dimensões afetiva,
reflexiva e técnica no trabalho docente. Disponível em http://cascavel.cpd.ufsm.br/revistas/ojs-2.2.2/index.php/educacaoespecial/article/view/
271/130, consultado em
12/05/2012.
SANTOS,
P., Como Estudar? Disponível em http://www.explicacoes.com/ apontamentos/estudar.pdf, consultado em 12/05/2012.
SOUZA,
J.L. S., Investigando as razões da desmotivação em aprender os conteúdos
curriculares de química em uma turma de 3º ano do Ensino Médio. Disponível em http://www.ufpel.edu.br/cic/2010/cd/pdf/CE/CE_01159.pdf, consultado em 12/05/2012.
Sem comentários:
Enviar um comentário