domingo, 8 de julho de 2012

TEMA - IV
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Revisão da Literatura


Apresentação do problema/objeto de investigação – Ao longo de vários anos de lecionação da disciplina de Introdução às Tecnologias da Informação e Comunicação - ITIC (desde 2003), tem-se verificado que os alunos do 9º ano de escolaridade apresentam muitas dificuldades no conteúdo, Introdução à estrutura e funcionamento de um sistema informático, da unidade 1 – Tecnologias da Informação e Comunicação.
Fundamentação da escolha - Durante as aulas e provas de avaliação realizadas após a lecionação da referida unidade, verifica-se que os alunos têm dificuldade em adquirir/compreender e mobilizar conceitos teóricos básicos sobre os princípios de funcionamento de um computador. Isto deve-se ao facto deste conteúdo programático ser predominantemente teórico, e os alunos mostram alguma resistência, porque não gostam de aulas expositivas e consequentemente, não conseguem obter bons resultados, apesar do esforço realizado pelos docentes na simplificação da apresentação deste conteúdo. Inclusivamente, são apresentados os diferentes componentes físicos de um computador (hardware), identificando-os e expondo as suas funções, sendo esta a única parte “prática” que podemos proporcionar, e mesmo assim a motivação e os resultados continuam a ser pouco satisfatórios. Na perspetiva da maioria dos alunos, parece não ser muito importante perceber/compreender os conceitos básicos associados ao funcionamento do computador, quando nele reside a base de trabalho dos conteúdos programáticos seguintes. Como podemos perceber algumas respostas/reações de um computador, se não soubermos como ele funciona/“pensa”?

Demonstração teórica da sua pertinência - Os professores debatem-se contra o insucesso escolar, atribuído à falta de atenção/concentração nas aulas; de estudo em casa (essencial para a apreensão e consolidação dos conhecimentos); de interesse pelas atividades realizadas em sala de aula; de memorização de conceitos; desmotivação generalizada para o estudo e uma certa “repulsa” por tudo o que seja teoria (não é minimamente atrativa para eles). No que diz respeito à falta de atenção/concentração, é muito importante não esquecer que o tempo que uma pessoa consegue estar concentrada é limitado (Boruchovitch, 1999, p.5), o que depende das expetativas pessoais. Muitos alunos estudam no dia anterior para as provas de avaliação, o que não é suficiente para a obtenção de uma classificação positiva, que garanta a conclusão da disciplina no final do ano letivo (Souza e Kruger, 2010, p.2), estando na falta de obtenção de classificações positivas a causa da desmotivação (Cavenaghi e Bzuneck, 2009, p.1478-1480). Infelizmente, o que os alunos ainda não conseguiram perceber é que o problema reside primeiramente na falta de concentração nas aulas, o que condiciona a posterior aplicação dos conhecimentos em exercícios realizados nas aulas e em casa (Santos e Molon, 2009, p.166).

No que diz respeito à unidade 1 da disciplina de ITIC, para além das razões acima referidas, as dificuldades dos alunos devem-se também ao facto de não terem possibilidade de testar a teoria, de experimentar, praticar, executar a tarefa (teoria/prática – saber/saber fazer), o que é mais interessante, ou seja, de não ter aulas práticas sobre o assunto em estudo. É, sem dúvida, mais fácil aprender através da experimentação, pois o aluno vê o resultado obtido de imediato, tendo a possibilidade de o alterar, caso não seja o esperado. É também importante salientar que os alunos não manifestam predisposição para apreender conceitos teóricos (preferem utilizar o computador, ao invés de saber como é constituído e como funciona). Os alunos não gostam de aulas meramente expositivas, em que o professor, como fonte de saber, “debita” matéria que depois, não podendo ser testada, tem de ser memorizada, em fase prévia às provas de avaliação (Anastasiou, 1998, p.1). E não aprovam as aulas teóricas por serem cansativas e monótonas, distraindo-se e deixando de ouvir o professor. A propósito da memorização, algo que os alunos menos gostam de fazer, refere Pedro Sales Luís Rosário (2001, p.89), que “as estratégias de auto-regulação da aprendizagem (…) incluem métodos tais como a organização e transformação do material a ser apreendido, a procura de informação, a repetição e a utilização da memória (Zimmerman e Martinez-Pons, 1986, 1992)”. Acerca deste assunto, refere Paulo Santos (2011, p.6) que “a repetição do estudo é um importante contributo para conseguir fixar a informação apreendida.”
É necessário perspetivar a adoção de estratégias alternativas de aprendizagem, de forma a colmatar as dificuldades apresentadas pelos alunos já acima mencionadas. Segundo Pedro Sales Luís Rosário, “A tarefa fundamental dos professores é conseguir que os alunos se envolvam nas atividades de aprendizagem, alcançando os resultados pretendidos…Convém recordar que o que os alunos realizam é mais importante para a determinação daquilo que é aprendido do que o que o professor faz” (Shuell, 1986, p.429). Para que os “alunos se envolvam nas atividades de aprendizagem, alcançando os resultados pretendidos”, parece ser necessário haver mudança de estratégias para motivar os alunos, obter sucesso escolar, melhorar a aprendizagem e “promovendo que os alunos aprendam efectivamente a aprender”.

Tipo/modalidade de investigação:

A metodologia de investigação a utilizar é a Development Research. Esta metodologia é similar à Investigação-Ação, no entanto a escolha recai sobre a Development Research, pois é a metodologia adequada para a investigação das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) na educação (COUTINHO & CHAVES, 2000). Segundo Lencastre (2012: 52), “A Development Research é frutuosa em situações complexas em que apenas os objetivos estão fixados e as necessidades são de diversa ordem (situações em sala de aula, por exemplo) e os resultados esperados (das intervenções e das aprendizagens), ainda que desejavelmente previsíveis, são ainda desconhecidos”. Esta metodologia tem como objetivo resolver uma necessidade, tem em vista uma mudança, prevê a avaliação, a resolução de um problema e a produção de “documentação e reflexão que possam conduzir investigações futuras” (LENCASTRE, 2012). Partindo da recolha e análise dos dados do problema, estes são analisados e testados e podem ser reformulados/adaptados no sentido de melhorar o protótipo (processo recursivo), até se atingir o objetivo final. O esquema apresentado por Van Den Akker (1999: 8-9)[1], é esclarecedor e determinante para a escolha da metodologia a adotar.


[1] Van Den Akker, 1999 citado por Coutinho & Chaves, 2000
Bibliografia
ANASTASIOU, L.G.C., Metodologia do Ensino Superior: da prática docente a uma possível teoria pedagógica, IBPEX, Curitiba, 1998.
JOÃO, S. M., Programa de Tecnologias da Informação e Comunicação 9º e 10ºanos, Ministério da Educação Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular, 2003.
VAZ FREIXO, M.J., Metodologia Científica Fundamentos Métodos e Técnicas, Lisboa, Instituto Piaget, 2011
MONTEIRO, Angélica; MOREIRA, J. António; ALMEIDA, Ana Cristina (Orgs.). EDUCAÇÃO ONLINE: Pedagogias e aprendizagens em plataformas digitais. 1ª edição, Santo Tirso: De Facto Editores, 2012.
Sitografia

AKKER, Jan Van Den. Principles and Methods of Development Research. Disponível em http://projects.edte.utwente.nl/smarternet/version2/cabinet/ico_design_principles.pdf, consultado em 22/05/2012.
BORUCHOVITCH, E., Estratégias de Aprendizagem e Desempenho Escolar: Considerações para a Prática Educacional. Disponível em http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/188/18812208.pdf, consultado em 12/05/2012.
CAVENAGHI, A.R.A. Luc at al, A motivação de alunos adolescentes enquanto desafio na formação do professor. Disponível em http://www.pucpr.br/eventos/educere/ educere2009/anais/pdf/1968_1189.pdf, consultado em 12/05/2012.
COUTINHO, Clara e CHAVES, José. “DESAFIOS À INVESTIGAÇÃO EM TIC NA EDUCAÇÃO: AS METODOLOGIAS DE DESENVOLVIMENTO”.Disponível em http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/4277/3/Clara%2520Coutinho.pdf, consultado em 22/05/2012.
LENCASTRE, José (2012). “EDUCAÇÃO ONLINE”. In MONTEIRO, Angélica; MOREIRA, J. António; ALMEIDA, Ana Cristina (Orgs.). EDUCAÇÃO ONLINE: Pedagogias e aprendizagens em plataformas digitais. 1ª edição, Santo Tirso: De Facto Editores, pp. 45- 54.
LOPES, V.A.G., (In)Sucesso Escolar – Quais os anos de escolaridade mais problemáticos?. Disponível em http://repositorio.utad.pt/bitstream/10348 /1404/1/ msc_vaglopes.pdf, consultado em 12/05/2012.
ROSÁRIO, P.S.L., Diferenças processuais na Aprendizagem: avaliação Alternativa das Estratégias de Auto-Regulação da Aprendizagem. Disponível em http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/11896/1/2001_diferencas_processuais_aprendizagem.pdf, consultado em 12/05/2012.
SANTOS, Bettina Luc at al, Reflexões sobre a desmotivação dos estudantes em aprender e as dimensões afetiva, reflexiva e técnica no trabalho docente. Disponível em http://cascavel.cpd.ufsm.br/revistas/ojs-2.2.2/index.php/educacaoespecial/article/view/ 271/130, consultado em 12/05/2012.
SANTOS, P., Como Estudar? Disponível em http://www.explicacoes.com/ apontamentos/estudar.pdf, consultado em 12/05/2012.
SOUZA, J.L. S., Investigando as razões da desmotivação em aprender os conteúdos curriculares de química em uma turma de 3º ano do Ensino Médio. Disponível em http://www.ufpel.edu.br/cic/2010/cd/pdf/CE/CE_01159.pdf, consultado em 12/05/2012.

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